quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Colunista Convidado, por Joaquim Claro

Quero agradecer aos impulsionadores do Foot Bicancas o convite que fizeram para partilhar algumas linhas com todos os frequentadores. Espero estar à altura do convite.

Como nunca apreciei consensos, quero que encarem estas linhas como o ponto de partida para uma discussão sã, pois acredito que só com a mesma, podemos evoluir.

Figo assina pelo Internazionale de Milan.
José Mourinho inicia a época a vencer Super Taça Inglesa.

O que é que as duas notícias têm em comum? Aparentemente pouco.
Ambos foram funcionários do SCP, ganham (e muito bem) a vida com o jogo, o Figo na fase descendente da carreira, o Mourinho no sentido inverso e... tiveram de sair do "burgo" para ganharem reconhecimento e (muito) dinheiro.

José Mourinho sai como vencedor da Champions, a Taça UEFA ganha no ano anterior e algum o respeito (pois trabalhava numa Liga considerada de 2ª da Europa do Futebol).
Figo quando sai de Portugal já era, efectivamente, muito bom. Só desta forma se explica a sua inclusão num plantel (e numa equipa) onde pontificavam nomes como Michael Laudrup, Hristo Stoitckov, Ronald Koemen, e numa época em que só era permitido a utilização de três estrangeiros em simultâneo.

Poderíamos alegar que estes casos são excepções.

Com o José Mourinho concordo. No entanto, se olharmos para o percurso de Fernando Couto, Rui Costa ou Paulo Sousa, já são demasiados para apontarmos excepções ao caso Figo.
São estas "excepções", com experiência em Ligas competitivas, que nos permitiram ganhar o respeito para a Selecção Nacional.

Todos os exemplos dados anteriormente são o resultado de dois fenómenos:
- os jogadores, de um trabalho muito bem planeado, principalmente ao nível dos escalões jovens da Federação (ou do Carlos Queirós).
- o treinador, fruto de "geração espontânea", teve as oportunidades, sorte e muito, muito trabalho...

Olhando para os "onze" iniciais dos três grandes, neste princípio de época, constatamos que os jogadores passíveis de continuar a alimentar a Selecção Nacional, na próxima década são:
- SLB, Manuel Fernandes e Simão.
- FCP, Ricardo Costa e Postiga (eventualmente, Quaresma, Meireles e Bosiwgua, caso consigam evidenciar uma maior consistência /regularidade, ao nível exebicional).
- SCP, Custódio e João Moutinho.

Qual dos elementos atrás referidos tem qualidade suficiente para "pegar de estaca" no Barcelona?
Comparando a qualidade destes elementos com a dos anteriormente referidos, no mesmo estágio de evolução, que futuro podemos esperar? Vamos continuar a apostar em "Deco's"?

É esta a questão que quero colocar e deixar aberta a discussão.

3 comentários:

  1. A questão não é nova, já o mesmo se dizia há 10 anos atrás (e há 20, e à 30...).
    Felizmente - com altos e baixos é certo - Portugal sempre teve uma Selecção com um nível bem superior ao verificado em outras áreas de actuação no palco internacional. Felizmente ou talvez não - mas isso seria mudar a agulha da discussão.
    Felizmente temos abundante matéria-prima e jogadores de primeiro nível não faltarão com certeza nos próximos tempos. São ciclos curtos, logo surgirão novos craques. Aliás é a única via, não temos poder económico para competir no mercado de aquisições, a solução passa necessariamente pela formação de novos valores.
    Quem sabe se este ano não se revelam mais alguns?

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  2. Também acho que Portugal terá sempre (com uma excepção ou outra, de uma ou de outra posição)bons jogadores a sair dos escalões de formação. O que contina a faltar, como as notas de 500€, é a profissionalização e a mentalidade para dar um passo em frente. Isto é, sabendo que fomos campeões do mundo no escalão sub-21 por duas vezes consecutivas, porque é que estes resultados não prosseguem nos escalões seniores (com a excepção do Euro 2004)?
    Parece que quando os nossos jogadores passam a seniores, surge subitamente um bloqueio nas suas capacidades de evolução.
    Em suma, e para mim, este bloqueio deve-se à mentalidade dos nossos jogadores (que pensam que são craques desde muito cedo) e ao pouco profissionalismo que existe no nosso futebol, não permitindo desta forma, a evolução natural das capacidades dos nossos jogadores.

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  3. "O Figo é um exemplo disso. Um jogador que não é de todo brilhante, não tem um futebol muito espectacular..." - quem faz uma afirmação destas, das duas uma, ou é cego ou benfiquista...

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