sexta-feira, 3 de julho de 2009

Toques de Cabeça

O BENFICA NO SEU LABIRINTO
Por JMMA

A opção de antecipar as eleições no Benfica irritou um mar de gente, que entendeu (eu próprio também) que os poderes instituídos estavam a menosprezar a democracia interna do clube. Li hoje que «Em Portugal, do qual o Benfica é uma perfeita metáfora, os líderes tomam as grandes decisões como os patos-bravos decidem o preço do metro quadrado: em almoçaradas. "A malta demite-se e trama a oposição, qu'é qu'achas? Passa-me a santola..."»

O que se está a passar no Benfica, e em particular com estas eleições, é uma lamentável palhaçada. Com a gente que está na corrida, a disputa eleitoral, que é o que agora mais deveria interessar, está reduzida à briga das ambições pessoais ou de grupos económicos a operar na comunicação social, representados na disputa da preza por testas-de-ferro arrivistas, subitamente imbuídos de ardor salvífico benfiquista. Não há candidaturas com bandeira, nem programas que preencham uma aspiração definida para o clube. Nada mais há do que a personalidade do senhor Bruno contra a do senhor Vieira, a do senhor Quaresma contra a dos outros dois, e todos juntos a prometer "amanhãs que cantam". Não se vê mais reflexão do que aquela que é parvamente alimentada pela imprensa (sempre a imprensa!) em torno dos rococós jurídicos em que os actuais líderes, com as suas decisões à pato-bravo, deixaram enlear o processo eleitoral. E a estas futilidades, a estas misérias de bastidores, se encontra reduzida a política duma instituição gloriosa, que a tal extremo chegou a confusão, por inépcia de uns e cobiça dos outros.

Desgraçadamente, no meio disto tudo parece caber ao Benfica apenas um papel: o da gaja boa que todos adulam, não para a fazer feliz, mas tão-só para se comprazerem em dar umas voltas com ela, de preferência na cama.

A sensação de caos no Benfica é sufocante. Ela deve-se em grande parte, mais uma vez, à qualidade lamentável dos actuais dirigentes. Mas se houver eleições (oxalá haja) e se eu fosse votante – votava Vieira. Considerando os contornos que o imbróglio tomou, não posso deixar de concordar com o ainda presidente do Benfica, que é uma coisa que desta vez me custa um bocado: "essa garotada que anda por aí” não pode por o pé dentro do Benfica. Eu, por acaso, também estou convencido de que podia ser presidente do Benfica. Acho é que o Benfica não merecia ser presidido por mim, só isso!

Seja lá como for, uma é certa: o circo está montado e a silly season, sempre fértil em fait-divers, este ano vai ter um programa especial: as eleições do Benfica.

Sem comentários:

Enviar um comentário