segunda-feira, 29 de março de 2010

CM notícia influência do FCP no CJ da FPF

O membro do Conselho de Justiça (CJ) da FPF responsável pelo acórdão que ditou redução dos castigos a Hulk (de quatro meses para três jogos) e Sapunaru (de seis meses para quatro jogos), Dionísio Alves Correia, confidenciou em Coimbra, a pessoas ligadas ao futebol, que iria confirmar na íntegra a decisão da Comissão Disciplinar (CD) da Liga.

Segundo soube o CM, o também vice-presidente do CJ afirmou que não havia qualquer hipótese de entender os stewards fora da categoria dos "intervenientes no jogo com acesso ao recinto desportivo" – designação utilizada pelo Regulamento Disciplinar da Liga – e, portanto, a tese de que poderiam ser equiparados a espectadores – apresentada pelo FC Porto no recurso – não era compreensível.

Nessas conversas, Dionísio Alves Correia (conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça), que reside em Coimbra, declarou--se ainda impressionado com a fundamentação jurídica do acórdão da CD e entendia que a jurisprudência do CJ – que já definira que bombeiros e maqueiros em funções em jogos também eram "agentes desportivos" agredidos – era certa e tinha de ser seguida neste caso. Já estava inclusivamente a fazer o acórdão que iria rejeitar todas as pretensões do FC Porto.

Contudo, na reunião do CJ de 24 de Março, apresentou um acórdão em que equiparou os stewards a espectadores, pelo que as punições a Hulk e Sapunaru tinham de ser em jogos e não em período de tempo, para espanto de alguns colegas, que sabiam o que pensava Dionísio Alves Correia e estavam de acordo com ele, casos de Alexandra Pessanha (docente universitária), Maria Dulce Ferreira (procuradora da República jubilada) e Sarmento Botelho (desembargador jubilado e também residente em Coimbra). E estranharam a adopção, sem mais, da tese do FC Porto – tanto mais que, de acordo com o que ficou escrito na versão final do acórdão, o steward ser espectador "não é muito líquido nem satisfatório".

De acordo com as fontes contactadas, Alexandra Pessanha, Maria Dulce Ferreira e Sarmento Botelho também ficaram incomodados com o facto de o líder do CJ ter escrito no acórdão que os directores de segurança dos clubes – que coordenam a actuação dos stewards nos estádios – eram "agentes desportivos" porque tinham responsabilidades em relação ao recinto desportivo.

Após ter sido tomada a decisão que diminuiu os castigos de Hulk e Sapunaru, o acórdão do CJ foi enviado por fax à Liga e ao FC Porto, o que não é habitual. As outras decisões, em especial a que confirmou o castigo do bracarense Vandinho (três meses por agressão ao treinador adjunto do Benfica Raul José), foram por correio e chegaram à Liga na passada sexta-feira.

António Sousa Lamas, membro do CJ, é conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça. Vive em Aveiro mas é visto frequentemente na tribuna presidencial do Dragão, com cachecol do FC Porto.

Apesar de Alexandra Pessanha, Maria Dulce Ferreira e Sarmento Botelho estarem contra a equiparação dos stewards a espectadores, votaram a favor do acórdão. O CM sabe que tal se deve a um pacto que existe no CJ: todas as decisões importantes têm de ter o apoio de todos os conselheiros. 

5 comentários:

  1. Esta notícia é como a conversa do café ao pé de minha casa. É o diz que disse e a fonte não é de fiar, pois o Correio da Manhã já me habitou a este tipo de contra-informação. Mas acho bem e percebo que continues a procurar respostas aonde elas não existam.

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  2. realmente basta ver o jornal que publica para entender a noticia

    bp

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  3. Não sei se a notícia é verdadeira ou falsa. Sei apenas duas coisas:

    - ninguém ficaria espantado se fosse verdadeira, em função do passado escabroso do nosso futebol, de que por exemplo as escutas são prova evidente;

    - o jornal O Jogo, nunca publicaria uma notícia destas,

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  4. Exacto, eu também não ficaria espantado se o Ricardo Costa decidiu por influência.

    Já agora, o que dizes do comunicado da FPF?
    Também te espantas? Como disse num post passado, já se sabia que a suspeita ao CJ viria de todos os lados, quando decidiu a favor do FCP. Aqui fica o comunicado da FPF ao Correio da Manhã:

    "Na sequência de um texto publicado no Correio da Manhã de domingo, dia 28 de Março, assinado pelo jornalista Octávio Lopes, com o título “Vice do CJ altera decisão sobre Hulk”, vêm os membros do Conselho de Justiça (CJ) da FPF emitir o seguinte comunicado:

    1 - É falso que o Sr. Juiz Conselheiro Jubilado, Dionísio Alves Correia, tenha alguma vez dito que era impossível não entender os “stewards” como intervenientes no jogo com acesso ao recinto desportivo.

    2 - É falso que alguma vez tenha dito que “iria rejeitar todas as pretensões do FC Porto”.

    3 - É, aliás, falso que tenha falado sobre este processo fora do restrito âmbito do Conselho de Justiça.

    4 - Noutra mentira dada à estampa por Octávio Lopes diz-se que o Sr. Juiz Conselheiro Jubilado António de Sousa Lamas é “visto frequentemente na tribuna presidencial do Dragão com cachecol do Futebol Clube do Porto”. Ora, o Dr. Sousa Lamas entrou pela primeira e única vez no Estádio do FC Porto no dia 28 de Março de 2009 para ver, acompanhado de todos os outros membros do Conselho de Justiça, o jogo Portugal – Suécia a contar para a fase de qualificação do Mundial 2010 sem que tenha levado, como é óbvio, qualquer símbolo clubístico.

    5 - Os membros do CJ reiteram, ainda, o carácter unânime da decisão que mereceu análise cuidada de todos, como acontece em qualquer caso sobre o qual tenham que decidir, pelo que é absolutamente falsa a afirmação de que Alexandra Pessanha, Maria Dulce Ferreira e Sarmento Botelho
    estivessem contra a equiparação dos "stewards" a espectadores. É igualmente falso que exista ou alguma vez tenha existido um pacto de apoio de todos os conselheiros a qualquer decisão CJ, que sempre decidiu e decidirá com salvaguarda da total independência de cada um dos seus membros.

    6 - O CJ entende que o exercício das suas funções deve primar pela seriedade, imparcialidade, rigor e reserva de intervenções públicas mas o teor do texto panfletário divulgado pelo Correio da Manhã é de tal forma inquinado que tem que merecer o mais veemente repúdio e categórico desmentido.

    7 - O Conselho de Justiça lamenta que alguma comunicação social se deixe manipular ao sabor de interesses aos quais é absolutamente alheio. Não está em causa o respeito que merece a função dos “media” na sociedade mas os membros do CJ têm o direito, como qualquer cidadão, de exigir rigor e seriedade no tratamento das matérias publicadas.

    8 – São e devem ser raras as intervenções públicas deste órgão jurisdicional mas os membros do CJ fazem questão de deixar claro que não são pressionáveis e que, até ao fim do período a que se propuseram, continuarão a cumprir o seu dever de julgar com rigor e imparcialidade, tendo sempre a consciência tranquila de quem decide com base na melhor das suas capacidades e no que julgam ser o melhor entendimento dos regulamentos, da Lei e do Direito."

    Bem dizia eu que o Correio é tipo o café lá pé de minha casa...

    Arrisco mesmo a dizer que os gajos do café inventam histórias com mais conteúdo!

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  5. Não estavas à espera que o CJ confirmasse a notícia do CM, pois não?

    O que eu sei é que onde há fumo há fogo. Principalmente quando temos conhecimento do passado recente do futebol português.

    Nem eu nem tu percebemos de leis (felizmente digo eu), mas considerar um steward como público, é no mínimo discutível.

    Já leste o meu último post?

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