BICA E CIMBALINO
Por JMMAO Conselho de Justiça (CJ) da Federação não descansa. Quando pode fazer triste figura, faz. Quando pode evitar um escândalo, não evita. Quando não há nada a fazer, inventa um ‘conto do vigário’. Depois das cenas indecorosas do ‘Apito’, que por sua vez já haviam sido antecedidas pelas cenas mirabolantes do “Caso Mateus/ Gil Vicente” (e adiante que se faz tarde), tivemos agora o escândalo do túnel com um enredo tão rasca, tão rasca que, se ainda fosse vivo, Mario Puzo, autor de O Padrinho, seria capaz de escrever um romance sobre a condição humana recorrendo apenas às palavras “compadrice”, “interesses”, “pressões”, “desfaçatez”, “fantochada”, “veniaga” , “Madail” e “corja”.
Que em 2010 se faça um ‘remake’ da obra-prima surrealista a que assistimos no Verão de 2008 à volta da bizarra reunião do CJ de 4 de Julho, tem pelo menos o mérito de nos recordar de que, apesar de todos os ‘Apitos’ frustrados, o folhetim continua com um enredo cheio de carambolas e de vilões que reduzem o Tony Soprano de celulóide a um menino de coro.
Claramente, este CJ – que, recorde-se, Madail tirou da cartola quando foi preciso correr com o anterior presidente, o inefável Gonçalves Perreira, por iniquidades e abuso de poder – este CJ, dizia, prossegue na senda do vale-tudo. Podia pecar disfarçadamente ou forçando levemente a nota, já não seria mau. Mas não: favorece sem vergonha, delibera sem pudor, desvirtua sem pejo. O CJ é hoje o elo mais fraco do sistema que enforma a gestão do futebol em Portugal. É o mais desprestigiado de todos os órgãos sociais da Federação e da Liga, incluindo os árbitros em quem já ninguém confia.
Poderão encontrar-se razões formidáveis para negar este estado de coisas. É sempre possível imaginar que os adeptos em geral (tirando os do clube-patrão) são uns maldizentes. Que são uns mal-formados. Que lhes falta fair play. Que a comunicação social amplifica tudo. Que os fracos odeiam os melhores e, por isso, caluniam. Que este clube, agora na berlinda, não é pior do que os outros quando lá estiveram também. O que se quiser. Mas, para os desvarios do CJ, não vale a pena procurar razões sociológicas nem alegações oportunísticas.
A responsabilidade é toda dos clubes e seus dirigentes. Uns por acção, outros por omissão, mas todos. Ajudados por um sistema de regulamentos medonho, que eles próprios arquitectaram e aprovaram, competem desenfreada e desavergonhadamente uns com os outros na apropriação do poder, cientes das vantagens e privilégios a que podem aceder (ou perder) por via das práticas mais manhosas, de todos conhecidas, a que o sistema foi deixado deliberadamente ao sabor.
Dentro de poucas semanas, vão eleger democraticamente os novos órgãos sociais da Liga. Conjugar o que se começa a desenhar acerca da escolha do presidente com os últimos episódios do folhetim ” túnel” será talvez permaturo, mas ajustado a esta tertúlia de café. Sai um cimbalino! Eleger democraticamente... Que ninguém os leve a sério. Sobretudo em Abril.
Sai um cimbalino...
ResponderEliminarCompreendemos.
ResponderEliminarA 'bica' dá mostras de querer secar.
Estou certo de que tudo isto configura, razões mais do que expícitas para despedimento por justa causa, por quebra do dever de solidariedade.
Valha-nos ainda assim que:
«A responsabilidade é toda dos clubes e seus dirigentes. Uns por acção, outros por omissão, mas todos. Ajudados por um sistema de regulamentos medonho, que eles próprios arquitectaram e aprovaram, competem desenfreada e desavergonhadamente uns com os outros na apropriação do poder, cientes das vantagens e privilégios a que podem aceder (ou perder) por via das práticas mais manhosas, de todos conhecidas, a que o sistema foi deixado deliberadamente ao sabor.»
A frase do ano:
«Que ninguém os leve a sério. Sobretudo em Abril.»