sexta-feira, 12 de março de 2010

Toques de Cabeça

A SEMANA DOS ‘PEC’
Por JMMA



Para os portugueses, esta foi a semana dos PEC. Tivemos não um, mas dois PEC. Não foi com certeza uma semana muito excitante. O primeiro PEC – Porto Encalha na Champions – é uma história de facas longas sobre a qual já muito foi dito; e chorado. O outro PEC foi o famigerado Programa de Estabilidade e Crescimento que o nosso Primeiro anunciou ao País, pronto para cortar dez mil milhões de euros ao défice, daqui até 2013. (Previsões da taróloga Maya, arredondadas ao milhão).

Tarefa difícil, pois toda a gente sabe que défice do Estado é como as aquisições falhadas do Sporting: assim que se vêem livre dum Caicedo, logo dois Pongolle lhe ocupam o lugar. Este PEC não augura nada de bom para o País, que por sua vez não espera nada de bom do PEC. Mas o Governo está optimista.

Desde que o Sporting venceu o Porto, já vê “sinais claros” de retoma, e desde que se desenha a perspectiva do Benfica ganhar o Campeonato, a nível da imprensa internacional Portugal é unanimente reconhecido como um País onde o futuro pós-PEC faz amor com a prosperidade. Como lhes passou pela cabeça que isso poderá acontecer (por simples obra e graça do PEC) é um mistério.

A economia é coisa demasiado séria para ficar só entregue a especialistas. Por isso, na minha absoluta ignorância dos meandros da política económica, julgo que é bom lembrar outras medidas que por certo tornariam o PEC mais interessante e eficaz. Alguns exemplos:

Os preços poderiam ser indexados às goleadas ao Porto.

Nesse sentido, o princípio do consumidor–pagador inspirado no modelo aplicado nos túneis dos estádios de futebol e nos canais eróticos da TV Cabo, passaria a reger os aumentos dos bens de primeira necessidade. Desta forma o preço do pão de trigo, da regueifa e da broa de Avintes passaria a variar de acordo com as goleadas ao Porto ou de acordo com o número de vezes que Jesualdo Ferreira repete a palavra processos em cada flash-interview. Se já estivesse em vigor, este mês o preço do pão já teria aumentado em cerca de 10%. Mas os economistas concordam em que, no próximo ano, os aumentos poderão chegar aos 20%, caso o Porto não mude de treinador e Bellusch continue a fazer parte da equipa.
Outra medida eficaz seria celebrar o Natal duas vezes por ano, para dar um empurrão à economia.

Aproveitar-se-ia, assim, ao máximo, a época do ano mais favorável aos negócios. Bastava para isso que o presidente Cavaco assinasse uma lei determinando a repetição do Natal (por exemplo, em 22 de Julho, que é a data do aniversário de Luis Filipe Vieira) e o País teria uma receita extraordinária de 16,2 milhões de euros. No início pusemos a hipótese de as pessoas gastarem o mesmo dinheiro, mas depois chegámos à conclusão de que, com o crédito tão fácil, os comerciantes sempre arranjariam uma forma de lucrar com a situação. “Nós somos Porto”. Quer dizer, nós somos Portugal! Se o FCP pode decidir quando é que stward é ou não agente desportivo, também Cavaco pode decidir quantas vezes se celebra o Natal. Penso eu de que...

Por fim, e mais importante: O Benfica sempre à frente da Liga.

É claro para todos que o Benfica em líder anima o PIB. Sempre que tal acontece os jornais e as televisões respiram optimismo. Para os benfiquistas, o mesmo é dizer para 18 milhões de portugueses, Cardozo é o novo Eusébio, o Jesus dá ares de Obama e o Rui Costa é o Belmiro da gestão desportiva. Mesmo que o défice, o desemprego e o PIB descambem, com o Benfica campeão até uma lata de sangacho de atum sabe a caviar. Maravilha. Senhores da Liga, vejam lá se mandam o Braga acalmar um bocado.
Com franqueza, se isto não é uma boa receita, indiquem-me o caixote do lixo das vossas iluminadas soluções.

Sem comentários:

Enviar um comentário